ou o ministério da reforma psicológica
Pascal Bernardin
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Capítulo III
A UNESCO, A EDUCAÇÃO E O CONTROLE PSICOLÓGICO
Em 1964, a Unesco publicou um importante trabalho, intitulado A modificação das atitudes.30 Em princípio, tal obra trata das atitudes intergrupos – raciais, religiosas e étnicas –, mas as tétnicas ali descritas, as mesmas que vimos anteriormente, são perfeitamente aplicáveis a vários outros domínios, como o autor mesmo reconhece. Após haver descrito a experiência de Sherif sobre as normas de grupo, acrescenta:
"No que concerne à formação e à modificação das atitudes da sociedade em geral, os corolários dos resultados acima mencionados são evidentes" (p. 24; grifo nosso).
Igualmente, tendo descrito uma experiência de Brehm e Cohen, ele assevera que:
"Os corolários desses resultados, para a modificação das atitudes no plano da vida social, são evidentes" (p. 40).
Assim, não é por acaso que esse trabalho se intitule A modificação das atitudes, e não A modificação das atitudes intergrupos. A extensão do campo de aplicação dessas técnicas de manipulação psicológica, que atualmente abrange o sistema educacional francês, justifica a importância que damos a tal obra. Convém frisar nossa intenção: não é o objetivo dessa publicação – o aperfeiçoamento das relações intergrupos – que denunciamos, mas sim os métodos empregados para obter esse resultado, suscetíveis de ser utilizados para fins muito diversos, conforme já vimos e voltaremos a ver. Ademais, a filosofia política claramente manipulatória que fundamenta tais práticas pressupõe um desprezo absoluto pela liberdade e dignidiade humanas e pela democracia. Ver-se-á que o autor visa explicitamente à difusão das técnicas de manipulação psicológica nas escolas. Compreende-se facilmente que um dispositivo assim, uma vez estabelecido, poderá ser aplicado para mudar as "atitudes sociais em geral", ao arbítrio dos interesses dos governantes. E, de fato, as publicações das organizações internacionais discorrem frequentemente sobre a modificação de atitudes éticas, culturais, sociais, políticas e espirituais.
O prefácio (não assinado) dessa obra procede claramente da Unesco. Lê-se aí, em particular:
A Unesco, que persevera na sua ação em favor dos direitos do homem e que, ainda, participa com trabalhos científicos na luta contra o preconceito e a discriminação, já há tempos considera a importância que tem o estudo da modificação das atitudes para as atividades educativas que visem a combater todas as formas de dirscriminação. [...] Dr. Davis é membro do Departamento de Psicologia da Universidade de Illinois, onde ele exerce as funções de professor e de pesquisador. Após especializar-se em psicologia social e em saúde mental – aí compreendidos os aspectos pedagógicos dessas disciplinas –, tem-se dedicado a pesquisas sobre a modificação das atitudes em escala internacional (p. 3; grifo nosso).
Frases bastante significativas, que condensam em poucas palavras os seguintes temas: modificação de atitudes em escala internacional, Pedagogia e Educação, Psicologia Social. Algumas linhas adiante, o mesmo prefácio acrescenta (um ponto cuja importância tornar-se-á mais evidente adiante neste capítulo):
Ainda que o conteúdo do presente inventário implique unicamente, claro está, a responsabilidade de seu autor, que de modo algum é o porta-voz oficial da Unesco, o Secretariado estima que a importância das pesquisas sociopsicológicas em questão basta para justificar a publicação deste trabalho, o qual, possivelmente, consistirá em um estímulo aos especialistas de diferentes áreas a dar prosseguimento às suas pesquisas ou, talvez, a empreender novas (p. 3; grifo nosso).
A modificação de atitudes em escala internacional
Podemos portanto concluir que, incontestavelmente, possuímos conhecimentos cuja aplicação generalizada nos permite atingir nossos objetivos, a saber: aperfeiçoar as atitudes intergrupos e as relações entre grupos. Evidentemente, a questão que se coloca é a de saber como se podem aplicar esses métodos em larga escala. [...]
Pode-se então dizer que possuímos, pelo menos, vários desses conhecimentos necessários, mas que o que importa é tornar tais conhecimentos acessíveis, bem como assegurar a sua aplicação. Esse processo não se dará sem dificuldades, mas tais dificuldades não são insuperáveis (págs. 48-49).
Os estudos orientados para a comunidade, os quais levam em conta esse fato [a tendência à conformidade aos costumes estabelecidos], visam à "reconversão", em certo sentido, de comunidades inteiras, nas quais é necessária a modificação das normas e das práticas estabelecidas, a fim de aperfeiçoar as atitudes intergrupos e de colocar todos os grupos em pé de igualdade. Para tanto, faz-se necessário apelar ao auxílio de políticos, de líderes comunitários, de emissoras de rádio, da imprensa local e de outros "formadores de opinião", a fim de provocar as mudanças na comunidade inteira (p. 55).
A aplicação das Ciências Sociais
Não se poderia chegar a tais resultados, a uma modificação de atitudes e de comportamentos em escala internacional, sem colocar em prática técnicas confirmadas cientificamente; tal é, efetivamente, a posição defendida pelo autor:
[...] pois, assim como nosso mundo tecnológico seria inconcebível sem o progresso das ciências, exatas e naturais, do mesmo modo parece evidente que as ciências sociais têm um papel importante a desempenhar na resolução dos problemas humanos de nossa época (p. 7).
Entretanto, várias dessas questões, oriundas dos resultados de pesquisas experimentais, representam não somente um interesse teórico, mas, além disso, implicações, de grande interesse prático para a tomada de decisões de ordem geral, que demandam programas de ação. Portanto, trataremos aqui, brevemente, de alguns problemas teóricos levantados por pesquisas recentes, e de suas implicações práticas.
Não se limitando a estudar os numerosos fatores associados à modificação de atitudes, vários pesquisadores concentraram-se também na questão do processo mesmo de mudança, ou seja, na teoria da modificação de atitudes. Entre as teorias relativamente recentes que têm estimulado as pesquisas, encontra-se a da "dissonância cognitiva", de Festinger (1967) (0p. 39).
Além dos já citados trabalhos de Festinger e de Sherif, o autor apoia-se sobre os de Asch (p. 20 e 24) e de Lewin (p. 26). As técnicas clássicas de manipulação psicológica são requisitadas: dramatização ou psicodrama, manipulação de grupos etc.:
Um dos corolários da teoria e Festinger é o fato de que uma declaração ou ação públicas em desacordo com a opinião privada do sujeito podem gerar nele uma dissonância cognitiva e, assim, em diversos casos, acarretar uma modificação de atitude. Janis e King (1954, 1956) demonstraram que os examinandos, quando levados a desempenhar uma atividade psicodramática em desacordo com sua opinião privada, podem sofrer, por causa desse comportamento, uma modificação de atitude. Assim, um psicodrama improvisado tende a ser mais eficaz que um psicodrama determinado previamente (p. 40).
Outras provas dessa resistência [a se deixar influenciar pelos métodos de introspecção] foram apresentadas por Culbertson (1955) em um estudo sobre a modificação de atitudes de base afetiva mediante o psicodrama. Esse autor descobriu que o psicodrama constitui um meio geralmente mais eficaz para modificar tais atitudes (p. 19).
A experiência escolar pode desempenhar um papel capital, ao desenvolver particularmente aqueles aspectos da personalidade relacionados às interações sociais da criança. A aplicação das pesquisas sobre grupos apresenta igualmente uma importância particular, uma vez que, como se sabe, o processo educacional não consiste apenas na transmissão de informações, mas se trata, mais do que isso, de um fenômeno altamente complexo de dinâmica de grupo, no qual intervêm as relações, de difícil análise, entre aluno e professor, e sobretudo entre o aluno e seus pares. Na medida em que o grupo de pares representa para a criança um quadro de referência, ele contribui em larga medida para a modificação das atitudes sociais (p. 45).
São esses fenômenos de dinâmica de grupo e a manipulação psicológica que lhes parecem justificar, como imprescindível, a introdução das psicopedagogias.
Do mesmo modo, entre as provas mais concludentes em favor da influência do grupo sobre a atitude do indivíduo, figuram os resultados dos célebres trabalhos de Asch (1951, 1952). Essas experiências centraram-se nas condições sob as quais o indivíduo ou resiste ou termina por ceder às pressões do grupo, assim que essas pressões são percebidas como contrárias à realidade dos fatos (p. 24).
Flowerman (1949), contestando as conclusões de Rose (1948), deprecia o valor e a eficácia atribuídas à propaganda de massa como um meio de diminuir o preconceito, e antes preconiza as técnicas fundadas sobre as estruturas de grupo e as relações interpessoais (p. 35).
Um grande número de pesquisas demonstraram que, para colegiais e universitários, o fato de pertencer a grupos de pares pode ter um efeito cada vez maior sobre a modificação de suas atitudes à medida que, para eles, esses grupos se tornam mais importantes como grupos de referência. A conclusão que se pode tirar desses estudos é que, mesmo que as atitudes intergrupo negativas se formem, frequentemente mediante a adoção da norma da célula familiar, grupo primário – e os programas de ação bem poderiam levar em conta os pais, enquanto agentes de modificação de atitudes –, ainda assim não devemos nos deixar desencorajar por tais dificuldades, com as quais um programa de ação desse gênero deve se defrontar. Com efeito, os grupos de pares, sobretudo aqueles que se formam no âmbito da escola ou da universidade, podem muito bem tornar-se grupos de referência e promover um efeito positivo sobre a modificação das atitudes, contribuindo dessa forma a dirimir o "atraso cultural", tão evidente na sociedade contemporânea (p. 25).
Ao leitor decerto não escapou o expediente de recrutamento das famílias, ao qual faz eco esta outra citação:
No que concerne às relações entre pais e filhos, encontramo-nos diante do seguinte problema: para conduzir as crianças de modo a aperfeiçoar as relações entre grupos, necessário seria começar pela modificação de seus pais (p. 45).
Porém, mais que disposições e comportamentos, são os valores, que fundamentam um e outro, que devem ser subvertidos:
Os teóricos modernos da educação compreenderam que a transmissão de informações, por si só, não é suficiente para que se atinjam os objetivos da educação, mas que a totalidade da personalidade , particularmente, a situação de grupo inerente ao processo de aprendizagem possuem uma importância capital. Kurt Lewin, um dos grandes pioneiros da pesquisa e da ação combinadaas no campo da dinâmica de grupos, contribuiu muito, junto com seus colabradores, para dar à pedagogia essa nova orientação. Ele salientou a necessidade de se considerar a educação como um processo de grupo: o sentimento, experimentado pelo indivíduo, de participar da vida de um grupo é, segundo Lewin, de uma importância fundamental para a aquisição de ideias novas. Ele escreveu31 (1948, p.59): "Consideramos muito importante que o processo de reeducação se dê numa atmosfera de liberdade e de espontaneidade: é de vontade própria que o indivíduo participa das sessões, isentas, aliás, de todo formalismo; ele deve sentir-se livre para expressar suas críticas, em segurança afetiva e livre de qualquer pressão. Se a reeducação significa o estabelecimento de um novo superego, decorre daí necessariamente que os objetivos visados só serão atingidos quando a nova série de valores aparecer ao indivíduo como algo que ele tenha escolhido livremente" (p. 47).
Compreende-se facilmente, portanto, a versão manifestada por muitos daquekes que veem o nosso sistema educacional ser invadido pelas psicopedagogias: uma mudança de valores constitui uma revolução – psicológica – muito mais profunda que uma revolução social.
A educação
Às citações anteriores, que fartamente demonstraram o papel que alguns pretendem para as ciências sociais na manipulação psicológica das populações, acrescentemos ainda as seguintes, que tratam particularmente da educação:
Em sua [Adorno et al.] opinião, os resultados de suas pesquisas poderiam ser aplicados à educação, à puericultura e às atividades de grupo que se inspiram nos princípios da psicoterapia coletiva (p. 16).
Os efeitos sobre os sistemas educacionais submetidos a tais influềncias são, naturalmente, os já esperados:
Resumindo os efeitos da educação sobre o preconceito, a discriminação e a aceitação do fim da segregação racial no sul dos Estados Unidos, Tumin, Barton e Burrus (1958) asseveram que um aumento de instrução tende a produzir deslocamentos perceptíveis:
a) do nacionalismo ao internacionalismo, no plano político;
b) do tradicionalismo ao materialismo, no plano da filosofia social geral;
c) do senso comum à ciência, como fontes de provas aceitáveis;
d) do castigo à recuperação, na teoria dos regimes penitenciários;
e) da violência e da ação direta à legalidade, como meios políticos;
f) da severidade à tolerância, em matéria de educação infantil;
g) do sistema patriarcal à igualdade democrática, em matéria de relações conjugais;
h) da passividade ao ímpeto criador, no que diz respeito aos divertimentos e ao lazer.
Esse resumo parece indicar que a educação provoca uma larga e profunda modificação das atitudes sociais em geral, num sentido que deve contribuir ao estabelecimento de relações construtivas e sadias entre os grupos (p. 46; grifo nosso).
Impossível constatar mais claramente que o que aí se busca é, na realidade, uma "larga e profunda modificação das atitudes sociais em geral". Notemos, contudo, para restabelecer a verdade, que não é um aumento da educação que leva ao mundialismo, ao materialismo e à permissividade – o que conduz a isso é um aumento da educação revolucionária. Teria esquecido o autor que os séculos passados puderam contar com homens eruditos, cuja cultura, essa sim autêntica, nada tinha que invejar às produções de Jack Lang?
Por fim, a questão da formação dos educadores é tratada extensivamente:
As ideias pessimistas de vários autores sobre a eficácia da educação como um meio de aperfeiçoar as relações entre grupos [e as atitudes sociais em geral, como acabamos de ver] justificam-se desde que se fique limitado à concepção tradicional de educação e que, nela, note-se tão-somente o aspecto da comunicação de informações. Mas não há quem se oponha a que os conhecimentos modernos sejam inculcados ao educador a fim de lhe permitir um desempenho mais eficaz de sua tarefa. Isso não quer dizer que todos os professores devam receber uma formação de psicólogo, de sociólogo etc., mas sim que os princípios fundamentais da Psicodinâmica, da dinâmica de grupo e da Sociologia bem poderiam figurar no programa de sua formação. Seria possível – ainda que isso não seja o essencial de nossa proposta – apresentar os resultados das pesquisas sob uma forma apropriada, que as tornasse inteligíveis aos educadores que possuem um conhecimento técnico limitado da pesquisa sociológica. É claro que, além disso, seria possível dar uma importância maior, nos programs das escolas normais, às disciplinas que se relacionam diretamente à questão do aperfeiçoamento das relações entre grupos. Watson32 (1956, p. 309) diz com muita propriedade: "Importa é tratarmos, não de modestos acréscimos ao nosso atual programa de ensino, mas sim de transformações profundas em nosso plano de estudos, em nosso modo de seleção de professores e em toda nossa concepção de ensino público. Devemos refletir sobre a necessidade, para todos os dirigentes da área da educação, de uma reorientação e de competências de ordem política" (p. 47)
Totalitarismo?
Em sua experiência de formação [nas escolas normais], Tausch utilizou diversas noções próprias da Psicologia Coletiva não Diretiva (Rogers,33 1951) e demonstrou que tais princípios são aplicáveis no domínio da educação. Da mesma forma, Wieder34 (1951) demonstrou a aplicabilidade dos m´etodos de terapia coletiva em um "estudo comparativo da eficácia de dois métodos de ensino de Psicologia, cada curso com 30 horas de duração, para a modificação das atitudes associadas ao preconceito racial, religioso ou étnico". Enquanto o método tradicional,de exposição seguida de discussão, não alcançou modificar de modo significativo as atitudes intergrupos, um segundo método, valendo-se dos princípios da terapia coletiva, das técnicas não diretivas e do sociodrama, favoreceu uma abertura pessoal (desenvolvimento da intuição, maior aceitação de si, redução das atitudes ligadas ao preconceito racial, religioso ou étnico) (p. 48).
Lembremos que não são apenas as atitudes intergrupos que se busca modificar, mas sim as atitudes sociais em geral. Por outro lado, conhecendo a força e o tenaz enraizamento dos preconceitos raciais, religiosos ou étnicos, que, não obstante, o poder dos métodos de manipulação psicológico logram sujeitar, não há como deixar de experimentar a mais viva inquietação, ao ver essas mesmas técnicas empregadas contra atitudes em geral menos fortemente enraizadas, como as atitudes políticas, econômicas, sociais, ecológicas, éticas etc.
A manipulação da cultura
Toda revolução psicológica requer uma revolução cultural. Posteriormente, retomaremos detalhadamente esse assunto, considerando o quanto o sistema educacional transformou-se em um dos mais importantes veículos da revolução cultural. Em todo caso, o autor nos dá indicações que merecem ser apreciadas desde já:
O fato de que a cultura e a sociedade, em seu conjunto, sejam um fator muito importante na formação, na conservação e(ou) na modificação das atitudes sociais é uma evidência à qual já nos referimos diversas vezes. Mas em que medida os programas de ação prática são realizáveis, uma vez que seu combate se desenrola numa frente tão vasta? Como se pode modificar uma cultura, que repousa sobre tradições seculares, ou reformar toda uma sociedade? Sem dúvida, é dificilmente imaginável que uma só pessoa ou mesmo um pequeno grupo de pessoas possa mudar completamente, do dia para a noite, uma sociedade moderna, de estrutura democrática e pluralista. Por outro lado, não é improvável que, mediante esforços concretos e com a aplicação de conhecimentos modernos, grupos de indivíduos possam acelerar a evolução social de maneira a redimir certos "atrasos culturais", nem se pode dizer que tais grupos não devam empreender tal ação (p. 57; grifo nosso).
Os estudos que acabamos de referir ilustram simplesmente o fato de que as mais importantes mudanças de atitude e de comportamento no conjunto de uma sociedade são possíveis ao final de um certo tempo. Poderíamos citar muitos outros casos que confirmam essa conclusão. Essas modificações são o resultado cumulativo dos esforços combinados de diversas pessoas e organizações que utilizam modos e métodos diferentes de abordagem. Mas a questão que aqui nos interessa saber é: em que medida é possível agir sobre o conjunto de ua sociedade? Não nos seria possível, por ora, examinar em seus detalhes os vastos problemas de teoria social levantados por essa questão, mas gostaríamos de assinalar alguns métodos aplicáveis nesse nível. Não há dúvida de que, por exemplo, as declarações públicas de altas personalidades do governo e de outros dirigentes cuja opinião é respeitada pela população podem exercer uma enorme influência sobre as atitudes e o comportamento dessa população. As medidas de ordem legislativa oferecem à sociedade um outro meio, um pouco mais coercitivo, de exercer sua vontade sobre os indivíduos que a compõem. Do mesmo modo, aquelas forças econômicas que agem sobre o conjunto da sociedade desempenham um papel capital na vida quotidiana dos indivíduos, condicionando, assim, suas atitudes e seu comportamento. Por fim, mencionaremos alguns dos grandes problemas ligados ao emprego dos meios de informação, os quais constituem um dos principais veículos dos quais a sociedade se utiliza para comunicar, a seus membros, suas normas culturais e o comportamento que deles ela espera (p. 58).
Porém, se consideramos os meios de informação, sob um ângulo mais vasto, como instrumentos que permitem à sociedade modificar as atitudes dos indivíduos num sentido desejado, importa examinar a questão relativa à intenção que orienta o emprego dos meios de comunicação; dito de outra forma: trata-se de saber quem dispõe desses meios. Evidentemente, essa questão é bastante delicada, e traz consigo importantes implicações políticas, que não iremos ponderar aqui. De qualquer modo, cabe-nos observar que tal questão não pode ser negligenciada indefinidamente (p. 59).
A questão do emprego dos meios de comunicação como instrumentos de modificação de atitudes coloca, por si só, problemas gerais que convém sejam considerados a partir do ponto de vista do conjunto da sociedade ou da cultura (p. 29).
30E. E. Davis, La modification des attitudes, Rapport et documents de sciences sociales, nº 19, Paris, Unesco, 1964.
31K. Lewin, Resolving social conflicts, New York, Harper Bros, 1948.
32G. Watson, Education and intergroup relations, Columbia Teachers College Record, 57, p. 305-9, 1956.
33C. R. Rogers, Client-centered therapy: its current pratice, implications and theory. Boston, Houghton, 1951.
34G.S. Wieder, A comparative study of the relative effectiveness of two methods of teaching a thirty-hour course in psychology in modifying attitudes associated with racial, religious and etchnic prejudice. Unpublished Ph. D. diss, New York tlniversity, New York, 1951.
BERNARDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo – ou o ministério da reforma psicológica. 1 ed. Ecclesia e Vide Editorial. Campinas, SP: 2013, pp. 39-48