Escrito por Miguel Ayuso | 03 Junho 2014
Artigos - Globalismo
Notas:
(1) O artigo em questão pode ser lido aqui: http://dailym.ai/1o5bEWP. No trecho referido o líder do Partido Trabalhista diz:
“(...) Em 1946, Winston Churchill fez seu afamado discurso conclamando por um Estados Unidos da Europa. Ele via um continente assolado por séculos de conflito e recentemente por duas guerras mundiais. Ele via uma França e uma Alemanha – inimigos em ambas as guerras – tornando-se amigos numa nova união. O racional para a Europa [naquele momento] era simples – paz e não a guerra. Em 2013, existe uma nova lógica que é mais forte, clara e mais duradoura: não a paz, mas o poder. O cenário geopolítico para o Século XXI está passando por uma revolução. A questão para a Grã-Bretanha é: qual é o ponto que nos dá mais vantagens nesse novo cenário? Ao fim do século XIX, a Grã-Bretanha era a maior potência mundial. No final do século XX, eram os EUA. No final do século XXI, possivelmente será a China ou, no mínimo, a China e possivelmente a Índia serão tão poderosos quanto os EUA. Nós precisamos compreender quão profunda é essa mudança e como ela irá nos atingir (...)”
(2) UKiP – Partido Independista do Reino Unido. Eurocéptico. Direita. O partido defende a independência da Inglaterra frente à União Europeia (abandonar a UE). O título do seu Manifesto 2014 diz: “Imigração portas-abertas está sucateando os serviços públicos locais no R.U.” Suas propostas envolvem: soberania e livre comércio sem união política. Proteção das fronteiras e imigração sob condições reguladas. Isenção fiscal sobre salário mínimo e sobre a transmissão de heranças. Fim de subsídios e ajudas ao exterior. Combate ao crime. Cassação do direito a voto de prisioneiros. Sair da jurisdição da Corte Europeia de Direitos Humanos. Permitir a fundação de novas 'grammar schools'. Rejeição ao politicamente correto como proteção ao livre discurso (“free speech”).
(3) PSOE – Partido SOCIALISTA Operário Espanhol, fundado em 1879 (o segundo mais antigo da Espanha). Principal partido de oposição. Parte integrante do Partido SOCIALISTA Europeu e da Internacional Socialista. Adepto da Terceira Via, do multiculturalismo, do humanismo laico, progressista.
Artigos - Globalismo
"Você já viu as pessoas que estão em tais encontros? Vão os ministros, os reis, a OTAN, o FMI... Tais pessoas não se deslocam para conversar sobre o tempo."
No
domingo passado (01/06) veio a término a 62ª edição da reunião anual do
Clube Bilderberg, a seleta organização que congrega as autoridades
máximas da política, economia, aristocracia e do poder militar da Europa
e dos Estados Unidos.
Todas
as propostas e deliberações, celebradas num hotel de Copenhague, foram
feitas no mais absoluto segredo: às portas fechadas, sem acesso dos
meios de informação e sem publicação das suas conclusões. Embora o clube
diga que suas reuniões não tem um caráter oficial e é apenas um fórum
de discussão privado, há quem considere o Bilderberg como o encontro
internacional mais importante no mundo, onde são tomadas decisões
concretas que afetam a todas as pessoas.
“O
efeito mais imediato dessa reunião do clube que acabamos de tomar
conhecimento é a abdicação do rei Juan Carlos”, afirma ao El
Confidencial a jornalista Cristina Martín Jiménez,
que há 10 anos investiga os meandros da instituição. “Note que todas as
monarquias estão fazendo o traslado geracional. Eles trabalham em
consenso e foi decidido que chegou o momento onde é necessário efetuar
esse traslado. Não tenho a menor dúvida que a abdicação do rei é uma
decisão consensual do Bilderberg”.
Na opinião da autora de 'Perdidos. Los planes secretos del Club Bilderberg (Martínez Roca)',
não é um acaso que a reunião desse ano tenha tido a participação da
rainha Sofia, da rainha Beatriz da Holanda (filha do fundador do clube,
Bernardo de Holanda) e do príncipe Felipe da Bélgica, que também recebeu
a chefia da monarquia no ano passado. “Estão renovando todas as cúpulas
dos poderes que trabalham conjuntamente no Bilderberg”, assegura ela.
Uma grande reestruturação militar, econômica e comercial
Porém,
embora a abdicação do rei da Espanha afete especialmente nosso país,
Martín Jiménez tem por certo que este não foi o tema mais discutido em
Copenhague. Neste ano, grande parte das conversações orbitou sobre
possíveis conflitos armados na Rússia, China e no Oriente Médio. E é por
isso que a presença militar foi especialmente significativa.
Na lista de convidados desse ano
estavam o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen; o general em
chefe das Forças Norte-Americanas na Europa, Philip Breedlove – que, segundo informa Charlie Skelton do The Guardian,
foi acompanhado de representantes de altos cargos do Ministério da
Defesa Norte-Americano; o ex-diretor da CIA, David Petraeus; o chefe do
MI6 (o serviço de espionagem britânico), Sir John Sawers; bem como
diversos ministros do exterior europeus, entre outros da Espanha, José
Manuel García-Margallo (que compareceu acompanhado de Mercedes Millán
Rajoy, diplomata espanhola e sobrinha do presidente).
Na
opinião de Martín Jiménez, o Clube Bilderberg está preparando o cenário
para a possibilidade de um grande conflito bélico: “O consenso é que
daqui a alguns meses ou um ano haverá uma grande reestruturação militar,
econômica e comercial com origem em alguma modificação importante na
história mundial: um conflito bélico de grandes dimensões”.
O
Clube Bilderberg celebrou sua primeira reunião em 29 e 30 de maio de
1954, no hotel Bilderberg, na Holanda, encontro promovido pelo imigrante
polonês e conselheiro político Jozef Retinger, preocupado pelo
crescente antiamericanismo provocado pelo Plano Marshall na Europa.
Desde então, afirma Martín Jiménez, sua principal preocupação tem sido
preservar a hegemonia do Ocidente, que agora está sendo questionada.
“No
ano passado, Tony Blair, outro dos líderes que trabalham com os
Bilderberg, escreveu um artigo para o Daily Mirror (1) em que dizia
claramente que a questão não é a paz, mas sim de falar sobre questões de
poder”, explica Martín Jiménez. “Isso foi dito alguns meses antes de
reunir-se com o clube na Inglaterra (entre 8 e 9 de junho do ano
passado), pois existia uma grande rejeição popular à União Europeia, e
recém havia sido criado o UkiP (2), que agora teve grande sucesso nas
eleições. Blair interviu afirmando que os trabalhistas e os
conservadores teriam de se unir para dar apoio à União Europeia. Estão
sendo formados blocos de poder. O Ocidente é um bloco, e ele está sendo
reforçado para não permitir a sua invasão por outros blocos.”
Convidados que não vão apenas para papear
A
jornalista tem consciência que suas afirmações levantam suspeitas,
porém ela está convencida que aquilo que é dito no Bilderberg é de
extrema importância. “Eles possuem um mecanismo para desprestigiar
aquelas pessoas que os investigam, tachando suas atividades de
'conspiranóia', para que acreditemos que não estão fazendo nada. Dizem
que são apenas reuniões informais nas quais as pessoas participam em
caráter privado, e que por esse motivo não tem de dar informações. Você
já viu as pessoas que estão em tais encontros? Vão os ministros, os
reis, a OTAN, o FMI... Tais pessoas não se deslocam para conversar sobre
o tempo.”
Além
dos grandes líderes militares e da aristocracia, este ano participaram
do Bilderberg diretores de corporações como Shell, BP, Fiat, Novartis,
Dow Chemicals, Unilever, Airbus e Nestlé; diretores de bancos e
instituições financeiras como HSBC, Citigroup, Lazard, Goldman Sachs,
Santander, Barclays, American Express, JP Morgan, TD Bank e do Deutsch
Bank; e os CEOs e presidentes do Google, LinkedIn e Microsoft;
proprietários, editores e representantes de meios de informação como The Financial Times, The Wall Street Journal, Die Zeit, Le Monde, El País e The Washington Post;
líderes e políticos de instituições como o Banco Mundial, a Comissão
Europeia, o Banco Central Europeu, Banco de Compensações Internacionais,
o FMI, a Reserva Federal e o Departamento do Tesouro dos Estados
Unidos; e políticos europeus, norte-americanos e canadenses como Mark
Rutte, o primeiro ministro holandês, ou David Cameron, primeiro ministro
britânico.
A
representação espanhola incluiu além da rainha Sofia, o ministro de
Relações Exteriores, o diretor geral da La Caixa, Juan Maria Nin, e o
presidente do grupo Prisa, Juan Luis Cebrián.
O grande grupo de pressão ocidental
As
decisões do Bilderberg, afirma Martín Jiménez, são consensuais e tem
efeitos diretos sobre as políticas nacionais. Apenas 15 dias após a
reunião do clube em 2012, realizada nos Estados Unidos, a Espanha pediu
um empréstimo à Europa para fazer o resgate bancário. Uma decisão que,
segundo a jornalista, foi tomada na conferência do Clube, que naquele
ano havia tido a participação da vice-presidente Soraya Sáenz de
Santamaría. O Bilderberg também foi responsável, ainda segundo Martín
Jiménez, de colocar Mario Monti, membro do Comitê Diretor do Clube, como
primeiro ministro italiano. “E assim os italianos tiveram de engolir um
primeiro ministro que não foi eleito nas urnas”, assegura a jornalista.
O
Bilderberg também está por trás dos cortes orçamentários realizados no
nosso país. “A Fundação Rockfeller (outro dos grandes promotores
históricos do clube) tem falado do tema da superpopulação desde os anos
30”, explica ela. “Não é coisa nova. Os mais velhos e os doentes não são
úteis, pois são um ônus econômico. Bruxelas pressiona nossos governos
eleitos democraticamente para que reduzam as ajudas aos dependentes e o
orçamento para a saúde”.
O
clube põe suas mãos em tudo aquilo que possa afetar o desempenho de
seus sócios (a elite econômica e política). Incluindo o futuro sucessor
do PSOE (3). “Segundo minhas investigações, Madina é o candidato
que apoiam os membros espanhóis do Bilderberg”, afirma a jornalista.
Somente o tempo dirá se ela está certa, ainda que ela mesma reconheça,
“há muitas coisas que eles preveem, porém mais tarde seus planos não se
desenvolvem como havia sido desejado”.
Notas:
(1) O artigo em questão pode ser lido aqui: http://dailym.ai/1o5bEWP. No trecho referido o líder do Partido Trabalhista diz:
“(...) Em 1946, Winston Churchill fez seu afamado discurso conclamando por um Estados Unidos da Europa. Ele via um continente assolado por séculos de conflito e recentemente por duas guerras mundiais. Ele via uma França e uma Alemanha – inimigos em ambas as guerras – tornando-se amigos numa nova união. O racional para a Europa [naquele momento] era simples – paz e não a guerra. Em 2013, existe uma nova lógica que é mais forte, clara e mais duradoura: não a paz, mas o poder. O cenário geopolítico para o Século XXI está passando por uma revolução. A questão para a Grã-Bretanha é: qual é o ponto que nos dá mais vantagens nesse novo cenário? Ao fim do século XIX, a Grã-Bretanha era a maior potência mundial. No final do século XX, eram os EUA. No final do século XXI, possivelmente será a China ou, no mínimo, a China e possivelmente a Índia serão tão poderosos quanto os EUA. Nós precisamos compreender quão profunda é essa mudança e como ela irá nos atingir (...)”
(2) UKiP – Partido Independista do Reino Unido. Eurocéptico. Direita. O partido defende a independência da Inglaterra frente à União Europeia (abandonar a UE). O título do seu Manifesto 2014 diz: “Imigração portas-abertas está sucateando os serviços públicos locais no R.U.” Suas propostas envolvem: soberania e livre comércio sem união política. Proteção das fronteiras e imigração sob condições reguladas. Isenção fiscal sobre salário mínimo e sobre a transmissão de heranças. Fim de subsídios e ajudas ao exterior. Combate ao crime. Cassação do direito a voto de prisioneiros. Sair da jurisdição da Corte Europeia de Direitos Humanos. Permitir a fundação de novas 'grammar schools'. Rejeição ao politicamente correto como proteção ao livre discurso (“free speech”).
(3) PSOE – Partido SOCIALISTA Operário Espanhol, fundado em 1879 (o segundo mais antigo da Espanha). Principal partido de oposição. Parte integrante do Partido SOCIALISTA Europeu e da Internacional Socialista. Adepto da Terceira Via, do multiculturalismo, do humanismo laico, progressista.
Tradução: Francis Lauer
Fonte: Mídia Sem Máscara
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